A Crise do Não. Regresso à educação. Sim ou não?
“Dizer NÃO é dar um beijinho no coração”, Isabel Branco
Descobri, nos últimos tempos, que o NÃO está a sofrer uma enorme crise. A Crise do Não! Também já fiz parte desta crise, mas aprendi!
Agora digo que NÃO, mas custa-me utilizá-lo e isso é, de imediato, a prova de que me sinto pressionada a não o usar tanto. Ufaaaa, tantos NÃO, devo estar quase curada!
Os meus filhos (aposto que os vossos também), utilizam muito a frase típica “Mas ele também tem/pode/faz” ou perguntam com cara de cão abandonado “Porque é que TODOS têm/podem/fazem, menos eu?”... e garanto-vos que é aqui que vacilo. Mas não cedo. Não podemos ceder nos nossos NÃO, por isso, também há que escolhê-los bem!
Sei o difícil que é dizer NÃO quando se tem um filho teimoso e persistente que mesmo sabendo que não volto atrás no NÃO, pica-me os miolos até à inconsciência. Aí passo do NÃO ao castigo. Depois do castigo, ainda oiço sobre a injustiça que estou a cometer … Mas, o NÃO vence…
“Não” é “Não”, não é “Se Calhar!”
Lembro-me de um texto, que subscrevo, escrito por um pediatra conhecido que dizia que devemos frustrar as crianças.
Parece um bocado violento, mas não é nada, longe disso. Há um medo estúpido de traumatizar as crianças com o NÃO ou de ter de as ouvir aos berros depois da aplicação do mesmo. Será que se perdeu a paciência ou o “jeito” para educar?
Percebo que nesta sociedade em que todos temos de trabalhar, muitas vezes com horários impróprios, não seja fácil chegar ao fim do dia e termos de nos chatear com o mais velho porque aos 11 anos quer ir para a escola com uma t-shirt com um desenho obsceno e já recebeu dois avisos da escola acerca da mesma (sendo que ao terceiro será suspenso); é complicado dizer à miúda de 12 anos que se for para a escola com as cuecas à mostra e de top no pico do inverno, para além de se constipar também poderá ter outro tipo de situações mais complicadas e com as quais poderá não saber lidar…
Não é fácil, mas é a nossa obrigação dizer-lhes que NÃO! E, como é óbvio, explicar-lhes porquê… apesar de nestas idades não ser fácil ouvirem-nos. Somos sempre burros, antiquados e histéricos. Mas, em nossa casa mandamos nós! E há que respeitar o conceito das hierarquias.
Estas crianças são o futuro deste mundo, logo, não podem fazer parte de nenhuma sociedade se crescerem sem o NÃO porque estariam constantemente de baixas muito bem justificadas com depressões nervosas ou presas numa instituição qualquer.
Tínhamos de “salvar”algumas para poderem ser psiquiatras e psicólogos ou então temos que começar já a clonar uma data de gente para o efeito e depois testar o NÃO nelas.
Desculpem se estou a exagerar (não me parece que esteja), mas já pensaram bem nas consequências?
Como é que vão acatar um NÃO de um chefe? Depois de alguns NÃO em adultos, que não levaram enquanto cresciam, correm o risco de desistir e, aí sim, vem a frustração!
Eu queria sair à noite e havia vezes que NÃO me deixavam;
Queria ir jantar fora com os meus amigos e NÃO me deram sempre dinheiro para isso;
Gostava de umas botas e NÃO as podia ter sempre;
E, enquanto vivi em casa dos meus Pais, NÃO era eu que mandava!
Estamos a educar para o futuro, mas acima de tudo, estamos a protegê-los desse futuro com as ferramentas que lhes proporcionamos.
O NÃO, sem hesitações e bem utilizado, é a salvação! Nossa e deles…
Nada de radicalizar o NÃO e passar para o extremo oposto, vamos só experimentar dizê-lo mais vezes aos nossos filhos. Tendo em conta que o NÃO, não é apenas uma palavra que lhes dizemos, é também uma acção!
E só o utilizamos quando sabemos que NÃO vamos voltar atrás”
Como pais e educadores, haverá alguma forma de andarmos um passo à frente dos nossos filhos? Será isso necessário? Como fazê-lo?
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