À mãe da minha enteada,
Ler primeiro Carta à madrasta da minha filha
eu sei que não me querias, mas eu também nunca te quis. Eras a mulher do meu marido, a mãe da sua filha. Tinham uma história, um projecto, fizeram nascer uma criança. Tinha ciúmes, sentia-me intrusa. Era uma história terminada que eu persistia em reavivar na memória da minha insegurança, na sombra da minha imaturidade. Tu eras a família, eu era a namorada.
No mais recôndito do meu ser escondia-se o desejo de que tudo estivesse bem, Pai, Mãe e Filha. Mas a mulher insegura dentro de mim fazia nascer o ciúme, a insegurança, o desejo de que uma família nunca tivesse existido.
Hoje agradeço-te.
Por seres a mãe da minha enteada. Por seres a ex-mulher do meu marido. Por toda a história existente, pelo fruto do teu ventre – a tua filha, a minha enteada.
Agradeço-te todo o riso partilhado, toda a dança conjunta, toda a história que sem ti, não teria sido possível.
Agradeço a vida que trouxeste em ti, a vida que fazes permanecer em mim, através dela. Agradeço a irmã que sem ti as minhas filhas não teriam, agradeço a visão que sem ti eu não teria alcançado. Agradeço profundamente o sofrimento que fizeste borbulhar em mim, porque sem ele eu não teria conhecido uma mulher ciumenta e insegura existente no meu ser que precisava ser cuidada e amada.
Agradeço profundamente a tua existência na minha vida, na vida deles. Agradeço a possibilidade que me deste de crescer e de aprender. De ter uma criança maravilhosa na minha vida e na vida das minhas filhas. Na vida da minha família. Agradeço a possibilidade que me deste de ter uma família mais completa, mais feliz com a presença eterna da Tua filha, minha enteada.
Obrigada
Nesta permanente procura , dedicou-se ao estudo consciência Humana, tendo-se formado em Psicologia Clínica e feito várias formações no âmbito desta temática.