Sacar do telemóvel durante uma conversa, é como erguer uma parede entre duas pessoas
De acordo com um estudo realizado por psicólogos da Universidade de Indiana, EUA, crianças cujos pais passam muito tempo a olhar para o telemóvel, têm tendência a não desenvolver a sua atenção, tornando-se ao logo do tempo reduzida.
A pesquisa mostra que a atenção é totalmente afetada pela interação social. “Quando os pais/educadores estão constantemente distraídos, ou cujos olhos não olham para os filhos enquanto brincam, traduz-se um impacto negativo enorme na atenção dos bebés num estágio-chave do desenvolvimento”, disse o líder do estudo, Chen Yu. “Os bebés e crianças aprendem através da observação: como ter uma conversa, como ler expressões faciais de outras pessoas, etc. Não havendo contacto visual, as crianças perdem marcos importantes de desenvolvimento.”
Além disso, estudos mostram que as crianças se estão a tornar obcecadas por tecnologia, devido aos exemplos das mães e pais, e isso está a começar a afetar a saúde mental e o desempenho escolar em geral.
“Há uma tendência alarmante para os pais ignorarem os filhos de todas as idades, dando mais atenção a seus telefones e tablets do que à componente social e comunicativa.”
Consequentemente, as crianças podem sentir que não estão a receber a atenção que precisam. “As crianças têm necessidade de atenção, de capacidade de resposta dos seus pais quando estão furiosos, tristes, frustradas ou felizes, e sentem que têm de competir pela atenção, quase como se se tratasse de uma rivalidade entre irmãos. Só que o rival é um novo dispositivo eletrónico. Esta tendência, se não for controlada, pode levar a problemas psicológicos.”
Uma campanha de sensibilização lançada pelo Center for Psychological Research, em Shenyang, pretende alertar sobre os efeitos e as causas do uso da tecnologia quando se está com os filhos. “Sacar do telemóvel durante uma conversa, é como erguer uma parede entre duas pessoas“
Esta campanha foi amplamente direcionada para famílias com crianças pequenas, pois as crianças são quem mais se ressentirá a curto e longo prazo:
Competências Sociais
As crianças precisam de conversar diariamente com os seus pais e/ou família, para desenvolverem competências sociais. Aliás, as crianças precisam de ver os seus pais, irmãos, avós, etc, a comunicar. A conversar sobre o seu dia, sobre as questões da casa, a discutir uma noticia do jornal ou simplesmente a fazer brincadeiras e charadas. Tudo isto faz parte do processo social e dos hábitos que a criança irá herdar sobre interação social.
Auto-estima
As crianças que têm a atenção dos pais têm auto-estima mais elevada. Se respondermos com entusiasmo às suas tentativas de aprender e descobrir coisas novas, garantimos que vão continuar a tentar. As crianças precisam de ver aprovação nos nossos olhos. Precisam de ver pais felizes e orgulhosos pelos seus feitos. Porque quando agem mal parece que os pais têm cem olhos e que não perdem nada…
Segurança emocional
Dar às crianças a atenção positiva também fortalece a sua segurança emocional. Quando as crianças sabem que os pais lhes dão atenção, sentem-se mais seguras para tentar e falhar, porque sabem que têm o conforto e apoio que precisam. Sentem-se sempre acompanhadas para o que for preciso. Sabem que todas as “quedas” ou falhas serão aparadas pelos pais.
Desenvolvimento
Há uma relação direta entre o desenvolvimento do bebé e a quantidade de estímulos recebidos. Os estímulos, como olhar e conversar com um bebé, são fundamentais para um desenvolvimento saudável. Afinal os bebés aprendem a falar, a mover-se e deslocar-se, aprendem a estar, observando o comportamento e interagindo com os pais.
Prioridades
Não podemos cair no erro de trocar prioridades. Apesar de caber o mundo inteiro no telemóvel, a nossa vida é o nosso filho, à nossa frente. E ele precisa de saber que está SEMPRE primeiro que a tecnologia.
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1 comentário
Estou plenamente de acordo e mais chocada fico quando, em reuniões, quer de família quer de amigos, há sempre alguém (não raras vezes à hora da refeição) a ler e a enviar mensagens de telemóvel. É uma enorme falta de educação e um autêntico gesto de desconsideração para com os presentes. Seria o mesmo que num grupo de 3 pessoas, só duas dialogassem e ignorassem a presença uma terceira pessoa, ali ao seu lado. É de mau gosto, falta de educação, falta de saber optar por prioridades, falta de sensibilidade. Afinal o que é mais importante? Uma pessoa ao nosso lado ou uma pessoa sob a forma virtual? Compreendo que, em casos urgentes, nomeadamente de trabalho ou para resolver um problema premente, que a pessoa visualize a sua caixa de entrada de mensagens mas, fazer de isso um hábito, é mau – péssimo. Muito mau para as crianças (que seguem o exemplo) – quer sejam filhos ou outras crianças chegadas – e muito mau para os adultos porque adquirem essa postura como um hábito e nem se apercebem que estão, de facto, a erguer essa barreira/parede com os presentes. Será que essas pessoas já pensaram nisso????? Muito obrigada por nos trazer um artigo desta natureza, Up to Lisbon Kids!