
Saiba o que é a alexitimia
Alexitimia: Pessoas sem emoções?
A emoção é um conceito bastante complexo, e o reconhecimento e distinção das emoções é um processo desafiante para muitas pessoas. No entanto, existe um conjunto de pessoas em que esta capacidade é considerada inexistente, e aí falamos de Alexitimia.
Este conceito é derivado do grego:
“a”: sem, “lexis”: palavra, “thymus”: emoção.
Este conceito foi desenvolvido por Sifneos em 1967 e refere-se à falta de palavras para descrever as emoções. Está relacionada com uma grande dificuldade em reconhecer, descrever e discriminar sentimentos e emoções.
A presença destes traços alexitímicos parece estar presente numa percentagem que varia entre 10-20% das pessoas, sendo mais frequente em homens do que mulheres.
A Alexitimia não é considerada uma doença, é uma característica psicológica, no entanto, está associada a várias doenças psiquiátricas.
As características alexitímicas estão presentes numa grande variedade de doenças psiquiátricas, particularmente na depressão, perturbação de ansiedade, adições e problemas psicossomáticos.
Características da pessoa com Alexitimia:
– Incapacidade/dificuldade em identificar e descrever sentimentos
As pessoas com algum grau de alexitimia têm emoções tal como qualquer pessoa. No entanto, parecem não conseguir compreendê-las, distingui-las e por essa razão nomeá-las e agir de acordo com elas.
– Incapacidade em diferenciar sentimentos de sensações corporais
– Pouca capacidade criativa
Uma vez que a criatividade é movida principalmente pela emoção, a pessoa com alexitimia tem dificuldades em imaginar outros cenários e realidades.
– Ausência de sonhos
– Apresentação de modos rígidos e formais
– Falta de empatia
Com a dificuldade em compreender as emoções, surge a dificuldade em partilhá-las com o outro ou compreender a dos outros.
– Impulsividade
Tendência em agir impulsivamente, reagindo por instinto.
– Dificuldade em manter relações
Existe uma tendência de dependência extrema ou isolamento. As pessoas com alexitimia tendem a ser superficiais devido a não criarem laços afetivos. Tendem em ter dificuldade em aprofundar as emoções nas relações e a serem passivos.
– Presença de emoções desreguladas (mas que não sabem explicar)
Para regularmos as nossas emoções temos de as compreender e nos conhecer emocionalmente. Como isso não acontece nestas pessoas, surgem com frequência:
- tensão;
- irritabilidade;
- frustração;
- dor;
- aborrecimento;
- agitação;
- dúvida…
Alexitimia e o Stress:
Perante uma situação de stress, as pessoas com características alexitímicas respondem de uma forma específica, não conseguindo lidar com a situação de forma adequada. Isto acontece devido à falta do conhecimento emocional. À incapacidade de expressarem emoções e à tendência para usarem a ação como uma forma de resposta, como já verificamos anteriormente.
A incapacidade dos alexitímicos em reconhecer uma situação desencadeadora de stress, não só potencia que não tenha uma resposta adequada, como vai proporcionar uma exposição mais frequente a estas situações.
Perante um acontecimento stressor, a tensão sobe a pico e a pessoa não tem estratégias adequadas para lidar com ela. Isto gera mecanismo de coping cada vez mais ineficazes, formando-se um ciclo vicioso que normalmente termina com a fuga e evitamento ou com a impulsividade.
Causas:
Ainda não existe um consenso sobre a causa da alexitimia, mas várias teorias com hipóteses distintas têm sido consideradas, entre elas:
1 – Fatores socioculturais
As culturas que não valorizam ou não ensinam a introspeção e expressão emocional favorecem a alexitimia.
2. Aspetos familiares
Famílias emocionalmente disfuncionais favorecem a aprendizagem destes padrões, muitas vezes, pelo facto da família de origem não ser protetora no que diz respeito ao desenvolvimento saudável da criança.
3. Fatores psicológicos e sociais
Trauma psicológico da infância ou na vida adulta pode levar ao uso excessivo de mecanismos de defesa tais como por exemplo repressão e negação emocional, associados ao aparecimento de alexitimia.
Tratamento:
Como não é uma doença, não tem uma cura. No entanto, existem terapias que favorecem o treino da consciência e regulação emocional.
A terapia cognitivo-comportamental é uma terapia que através de diversas técnicas ajustadas às necessidades de cada pessoa ajuda a:
- Discriminar as emoções;
- A ter mais insight sobre os estados emocionais;
- A desenvolver o vocabulário emocional, assim como a aumentar a compreensão das funções de cada emoção e a forma mais ajustada de reagir em determinada situação e perante uma determinada emoção.
Um espaço onde vai aprender a olhar para dentro, a reconhecer e respeitar os seus limites, a gerir as suas emoções, a potenciar as suas forças e a acarinhar as suas vulnerabilidades.