
Serão as outras mães melhores do que eu?
Espelho meu, espelho meu… serão as outras mães melhores do que eu?
Alguém parece ter inventado uma lista de qualidades e habilidades que se deve ter para ser uma ”boa mãe”. Nesta lista infindável, para além de saber cozinhar paleo-chic-bio-gourmet, costurar, fazer os mais variados DIY dignos de uma revista de decoração. Ir ao ginásio com regularidade, ensinar os filhos a serem extremamente precoces numa área qualquer. Levar os miúdos à piscina e sair de lá maravilhosa, e não como alguém que acabou de sair vestida da sauna. Ser capaz de apanhar todas as promoções da história versão “extreme couponing”. Encadernar primorosamente os livros da escola. Identificar TODO o material com dezenas e dezenas de etiquetas, repetindo dezenas e dezenas de vezes o nome dos pequenos catitas… (depois desta leva do regresso às aulas em que perdi a conta das vezes em que escrevi ”Guilherme”, pensei seriamente que era bem mais fácil ter-lhe chamado “Ivo”).
Ser fabulosa a ajudar as crianças com os trabalhos de casa, brincar pelo menos 30 minutos por dia com eles, enquanto se faz uma tarte veggie e meia dúzia de agachamentos. Ou seja, resumindo a “lista” é fundamental trabalhar, ser bem sucedida, uma inspiração para tudo e para todos, dormir no máximo umas 5 horas e acordar cheia de energia. Basicamente, é ser um daqueles copos da minha infância, um sempre em pé.
Quando não são os outros que nos avaliam com tamanha exigência, somos nós. Aliás, nós somos a nossa maior crítica, sempre na primeira fila a apontar o dedo. No entanto, parecemos ignorar o importante facto de todos os dias estarmos lá, a dar o nosso melhor.
Quando mães exaustas me perguntam “Estou a fazer tudo bem?” só me apetece… dar-lhes colo. Somos tão pouco tolerantes connosco. Exigimos tanto. Carregamos um peso tão grande. Queremos tanto fazer a coisa certa. Sempre.
A parentalidade é um caminho. Não há escolhas certas ou erradas. Existem as que nos levam mais perto de onde queremos chegar, e as que nos fazem dar umas voltas à rotunda.
Cada um faz o seu caminho, tal como na vida. Se o meu filho não é igual ao teu, porque é que a minha forma de lidar com ele deveria ser igual à tua? Não haverá uma forma só nossa de sermos felizes? Não haverá uma forma só nossa de sermos mães?
São esses caminhos que cada um tem de descobrir. Quando largamos a lista, o peso, a expectativa, o caminho abre-se, passo a passo, lágrima a lágrima, sorriso a sorriso.
Temos todas muitas dúvidas e medos, desde o primeiro momento. Achamos todas que a mãe que está ao nosso lado, é melhor do que nós, sabe mais do que nós, vale mais do que nós. Mas sabes, aos olhos do teu filho tu és a melhor mãe que ele poderia ter, só pelo simples facto de seres TU a mãe dele.
Em 2011, nasceu o pequeno catita, o que a levou a investigar uma parentalidade com base no mindfulness, promotora de uma autoestima saudável, e que constrói uma relação única entre pais e filhos.
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