Síndrome do Ninho Vazio surge dessa auto-centralização, desse sentimento de dependência e de perda do papel da função de pais, dessa tristeza que os pais começam por experienciar e que pode transformar-se em depressão.

Síndrome do Ninho Vazio

Síndrome do Ninho Vazio

O tempo parece passar por nós mais rápido do que o desejado.

Parece que é insuficiente para usufruímos de todos os momentos em que os nossos filhos são pequenos e indefesos. Num ápice eles já leem, já privilegiam mais o tempo com o grupo de amigos do que com os pais, já entraram para a universidade, para o mundo do trabalho, aventuram-se num país estrangeiro, namoram, partem para uma relação conjugal… Enfim, quando damos conta eles cresceram e tornaram-se autónomos.

Diz-se que “é a vida”, que os filhos “não são nossos, são do mundo”… é, na perspectiva integrativa, a função biológica de mãos dadas com a função social.

Contudo, apesar de se concordar que faz parte da vida, a aceitação nem sempre se verifica e aquando da independência dos filhos, muitos pais sentem-se menos importantes na vida dos descendentes, abandonados e tristes. Não raramente, o silêncio e a solidão passam a predominar na casa paterna.

Síndrome do Ninho Vazio – Quando os filhos saem de casa

A Síndrome do Ninho Vazio surge dessa auto-centralização. Do sentimento de dependência e de perda do papel da função de pais. Dessa tristeza que os pais começam por experienciar e que pode transformar-se em depressão.

Estatisticamente, estes sintomas afectam mais a mãe do que o pai. Geralmente coincidindo com a fase de menopausa e com o turbilhão de emoções associado, a mulher sente a sua função reprodutora esvanecer. Sente-se envelhecida, com o seu papel tradicional enquanto cuidadora da família a perder importância, com auto imagem e auto estima reduzidas.

O investimento numa vida mais dedicada aos outros do que a si própria gera também uma conjuntura propícia à patologia e, consequentemente, afecta as relações familiares.

No entanto, tal não significa que os homens também não vivenciem os mesmos sentimentos e demonstrem vulnerabilidade durante este período de adaptação. Podem é reagir de forma diferente da mulher, acomodando-se à nova situação mais facilmente (o que, por outro lado, também pode agudizar os conflitos conjugais).

Características da personalidade medeiam também o modo como pai e mãe lidam com a separação dos filhos.

No geral, verifica-se que indivíduos mais auto vitimizados, histriónicos, sugestionáveis, dramáticos são os que sofrem mais com a situação. Por outro lado, factores externos como o motivo da saída do filho podem igualmente minimizar ou maximizar a intensidade do sofrimento e a adaptação. Se os pais sentirem que a separação traz mais-valias a mesma é melhor elaborada e portanto, torna-se menos dolorosa e mais tranquila.

Esta passagem por um processo mais ansiogénico e de dualidade de sentimentos faz parte do ciclo de vida.

A transição para um estado de (re)estruturação familiar consegue-se através da aceitação dos períodos de crescimento, de maturidade e de declínio, inerentes a qualquer ciclo vital e que em si incluem perdas e ganhos biológicos e sociais. Enfrentando um estado que sabemos ser natural, porque no passado também fomos actores da mesma mudança e as gerações anteriores a nós igualmente, que tal assumirmos a nossa (boa) parte, enquanto pais, na educação para a independência dos filhos e também gozarmos esses louros?

A Síndroma do Ninho Vazio é pontual, logo, mais facilmente pode ser superada.

Se o nosso papel enquanto pais muda e se torna mais distante (mas não desaparece), então, há que proceder a ajustamentos da nossa parte, como por exemplo:

– Partilhando o que sente, para mais facilmente identificar soluções(Por exemplo, com amigos, com a/o parceiro etc);

– Permitindo-se sentir as próprias emoções (tristeza, alegria, receio, optimismo …);

– Ouvindo e apoiando o/a parceiro/a;

– Promovendo momentos e acções que contribuem para o nosso bem-estar(Por exemplo, ter hobbies, fazer desporto, etc);

– Realizando projectos que vinham sendo adiados, sozinho, com o/a companheiro/a e encontrando novos prazeres;

– Listando actividades pessoais prazerosas que há muito gostaria de fazer e foi adiando (Crie listas por temas, por exemplo, e tente fazer agora coisas que acabou por adiar);

– Retomando o papel de mulher para além do papel de mãe;

– Cultivando as relações sociais;

– Usufruindo do contacto com o ar livre e a natureza;

– Apostando na melhoria contínua da relação com o filho, na qualidade da comunicação, nos afectos, no apoio, sem ser invasivo (Por exemplo, continuar a apoiar o filho mesmo sendo à distância, comunicar com frequência, etc).

Excepto quando os objectivos são difíceis de definir, quando o filho se “esquece” dos pais e a tristeza destes se prolonga podendo adquirir contornos de depressão, a dor sentida termina quando a ordem familiar é refeita e os aspectos sociais da vida são restabelecidos. A Síndrome do Ninho Vazio resume-se a um problema temporário psíquico com cunho emocional-social, sem necessidade de medicação para o que não chega a ser fisiológico.

imagem@bolsademulher

 

 

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