A maternidade tem esta faceta curiosa – quase ninguém está disponível para te elogiar nos vários momentos em que dás o teu melhor enquanto mãe, ao passo que para te apontar o dedo nos momentos menos bons são muitas as vozes que surgem.
Toda a gente vê muita coisa, só vocês veem o essencial.
Ninguém estava lá quando adormeceste o teu bebé e durante vários minutos o contemplaste a dormir.
Ninguém te viu a levantar várias vezes durante madrugada para dar colo, para procurar a chucha no meio dos lençóis, para levar à casa de banho ou mudar a fralda, para dar mama ou aquecer mais um biberão com leite.
Achas que alguém assistiu ao esforço que fizeste de manhã para te levantar da cama e ires ter com o teu filho com o “bom dia” mais feliz do mundo? Não.
Ninguém reparou na paciência com que o vestiste de manhã e lhe lavaste os dentes após várias tentativas. Ninguém sabe como te controlaste para não gritar enquanto o tentavas colocar no carro.
E ninguém viu as lágrimas presas nos teu olhos quando o deixaste na creche/escola.
Ninguém presenciou as brincadeiras que inventaste com o teu filho no parque.
Nem sequer imagina como corres entre banhos, jantares, tarefas domésticas e ainda assim arranjas tempo para beijos, abraços e mimos.
Ninguém te viu a ler a mesma história três vezes e a cantar a mesma canção outras quatro.
Ninguém sabe como te sentes cansada, mas ainda assim consegues contornar uma birra explicando e desenvolvendo soluções em conjunto.
Claro que ninguém sonha como amas o teu filho com todas as tuas forças, até com as que não sabias ter.
Mas toda a gente viu como ralhaste no hipermercado quando o teu filho corria pelos corredores.
Toda a gente estava a observar-te quando reviraste os olhos depois do teu filho te perguntar pela quinquagésima vez se podia atirar pedras para o escorrega.
Toda a gente assistiu ao momento em que atingiste o teu limite e acabaste por gritar com o teu filho.
E toda a gente se apercebeu quando estavas com menos paciência naquele dia, devido ao cansaço acumulado.
A maternidade tem esta faceta curiosa – quase ninguém está disponível para te elogiar nos vários momentos em que dás o teu melhor enquanto mãe, ao passo que para te apontar o dedo nos momentos menos bons são muitas as vozes que surgem.
A verdade é que o que toda a gente vê representa muito pouco do que vocês vivem; ninguém está presente 24 sobre 24 horas para assistir a tudo e fazer uma avaliação justa. Desta forma, a única avaliação fidedigna é a que tu e o teu filho fazem, pois só vocês vivem esta relação.
Toda a gente vê muita coisa, só vocês veem o essencial.
A entrada no mundo da maternidade rapidamente se revelou menos “purpurino-brilhante” do que havia imaginado. Poderei ser uma mãe que se sente completa, com disponibilidade para a sua prol, se não cuidar de mim enquanto mulher? Poderei ser uma mulher feliz se não me sentir uma mãe livre?