Expectativa vs Realidade. Ter um filho. Ser mãe. Ser pai.

Expectativa vs Realidade. Ter um filho. Ser mãe. Ser pai.

Expectativa vs Realidade. Ter um filho. Ser mãe. Ser pai.

Antes dos filhos

Muitos de nós, antes de termos filhos, criamos na nossa cabeça “um filme” sobre como irá ser. Com frequência o filme é maravilhoso, é uma sucessão de momentos felizes em que tudo corre bem. Imaginamo-nos a não fazer os erros que os nossos pais fizeram connosco. A evitar todo o tipo de sofrimento aos nossos filhos. A ser o seu porto seguro em todos os momentos de crise. Às vezes até imaginamos que a relação com o nosso companheiro(a) vai ficar perfeita porque não é possível que uma mudança destas não provoque perfeição e uma vida de sonho.

Antes de sermos pais imaginamos a sensação de embevecimento quando o bebé nasce e de enamoramento que sentiremos, como reagiremos bem, tranquila e pacificamente a cada solicitação e acontecimento inesperado.

Quando não sentimos

Depois chega o dia e o bebé nasce e para alguns pais chega a surpresa de o que sentem por aquele ser por quem ansiaram 9 meses não ser o que esperaram. Não se sentem enamorados. Não sentem o amor gigante e universal que ouviram relatar e idealizaram. Ficam desconcertados, questionam o que se passa com eles. A maioria vive este momento sozinhos. Têm vergonha de partilhar que o que sentem pelo seu filho não é o que uma mãe ou pai deve sentir. Não sabem que tantos outros pais antes deles e tantos outros depois sentem este desconforto, esta sensação desconcertante.

Na realidade, está tudo bem.

Soubessem eles que para alguns o enamoramento surge depois. Que o amor incondicional surge depois. Que ao aceitarmos o que está a acontecer estamos a abrir as portas que o nosso coração precisa para na sua plenitude ter acesso à emoção de ser pai ou mãe.

Expectativa vs Realidade

A expectativa que criamos de todas as fases do crescimento dos nossos filhos leva-nos a uma sensação de desconforto quando somos confrontados com uma realidade para a qual não estamos preparados. As crianças são todas diferentes e muitos de nós não estão preparados para enfrentar com tranquilidade a realidade que surge diferente do imaginado e muitas vezes ansiado.

O primeiro passo para uma caminhada feliz na parentalidade é aceitar que a realidade surge como surge e que esse facto é uma característica intrínseca à existência humana, nada mais. Não existe um manual de instruções que podemos consultar para depois escolher de um catálogo determinada emoção ou comportamento, nem uma secção que tipifique os desafios e que sugira soluções. Muitos pais sentem-se perdidos por não terem previsto o filme das suas vidas com aquelas cores, naqueles cenários, sem intervalo para descanso e isto acontece porque gastam muita energia a idealizar filmes perfeitos em vez de se focarem no que está a acontecer.

Quando estamos a criar expectativas em relação à realidade, nomeadamente, ao comportamento dos nossos filhos é quase como se estivéssemos a criar “a” realidade certa que muito provavelmente não irá acontecer e a cimentar em nós a ideia de que o que acontece não está correcto pois é diferente do que concebemos como “certo”.

A feliz caminhada da parentalidade

Nesta caminhada de ser pai e mãe é muito importante que activemos o modo detective em vez do modo lamentação. Por exemplo, os meus filhos não se sabem comportar ou não sou uma mãe ou pai perfeito. Quando activamos o modo detective ficamos curiosos sobre o que está a acontecer. Procuramos a origem, a necessidade que está por detrás do comportamento e ao compreender a realidade podemos fazer escolhas que promovem a felicidade. A nossa e da nossa família.

Todos os nossos comportamentos, todos os comportamentos dos nossos filhos são a expressão de uma necessidade. Quando a compreendemos podemos escolher como lidar com ela de modo a que o que acontece seja o melhor possível para a nossa família.

Quantas vezes perante uma criança cheia de energia os pais desejavam ter um filho que correspondesse à expectativa que criaram? Ao modelo que criaram? E tentam por todas as vias que conhecem que eles tenham o comportamento desejado. O resultado é, na maioria das vezes, o oposto. Se o comportamento é uma expressão de uma necessidade, então é comunicação. Se a resposta que damos não tem a ver com o que se está a passar não podemos ter sucesso na comunicação.

Como podemos fazer?

Bem, a forma mais simples é aprender ferramentas que nos permitam compreender a realidade, que nos permitam ser bons detectives de nós e dos nossos filhos e, que ao nos possibilitarem compreender qual a necessidade por detrás do comportamento, nos permitam criar alternativas de resposta.

Podemos aprender novas formas de comunicar connosco e com os outros. Podemos aprender a fazer menos “filmes” sobre o que vai acontecer na nossa vida, criando espaço para viver de forma mais descontraída e feliz o que na realidade acontece em cada momento, seja a birra de uma criança ou o comportamento de isolamento de um adolescente.

Maria José Pita, coach e facilitadora de Parentalidade Consciente

LER TAMBÉM…

Não senti.

Se, antes de ter filhos, eu soubesse;

10 coisas que pensava ser culpa dos pais até eu ter filhos

 

 

Gostou deste artigo? Deixe a sua opinião!

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Verified by MonsterInsights