Tomar as decisões pelos filhos traz consequências no futuro

Tomar as decisões pelos filhos traz consequências no futuro

Tomar as decisões pelos filhos traz consequências no futuro

As crianças crescem num mundo dominado por adultos

Ordens, tarefas, perguntas, instruções, coisas para memorizar e horários. O mundo já está programado, e as crianças só têm que cumprir o que lhes é dito.

O que pode mudar quando as crianças começam a planear, decidir, escolher e sentir as consequências das suas próprias escolhas?

  • “O meu filho é um indeciso.”
  • “O meu filho não tem iniciativa, não é proativo.”
  • “O meu filho gasta o tempo no telemóvel e não planeia o dia.”
  • “Eu é que tenho sempre de lhe dizer o que tem de fazer.”
  • “Tenho de fazer tudo por ele!”
  • Não é responsável.”
  • “É dependente.”

Desde cedo, os pais tendem a tomar todas as decisões pelas crianças para que estas disfrutam da vida, façam o que gostam e não tenham preocupações. Decidem o que devem comer, como se devem comportar, o que devem fazer, etc.

Tomar as decisões pelos filhos traz consequências no futuro

Quando já esperaríamos que fossem adolescentes ou adultos responsáveis e já soubessem pensar e a decidir sobre as suas próprias vidas não conseguem! E mesmo quando gostaríamos que percebessem que não podem passar o dia no telemóvel em vez de estudar para o teste, não conseguem perceber que optaram mal!

Como ajudar o seu filho a desenvolver a capacidade de tomar decisões?

1. Deixe-o escolher desde pequeno

Incentive-o a tomar decisões adequadas à idade.

Por exemplo: comece por deixar decidir o que vestir hoje; se quer sumo de maçã ou de laranja; ou qual o livro que quer ler antes de dormir. Mais tarde, deixe-o decidir se quer ir para a natação ou para o karaté, se quer tomar banho à noite ou de manhã, se querem ir a pé ou de autocarro para a escola… Isto faz com que as crianças e jovens sintam que têm controlo sobre a sua vida. Sentem que a sua opinião é importante, o que é saudável para a autoconfiança na capacidade de decidir. Faz também com que deem mais atenção àquilo que as rodeia e se envolvam nos acontecimentos, sem viver a vida em “modo piloto automático”.

Pergunte-lhe: O que achas que devias fazer? Queres isto, ou queres aquilo?

Muitas vezes os jovens não são proativos, porque nunca souberam que podiam escolher!

2. Incentive a reflexão sobre as vantagens e desvantagens de determinada opção

Ajude o seu filho a pensar porque é que fizeram uma determinada escolha. Isto aumenta a autoconsciência e ajuda-os a fazer melhores escolhas futuras e até a entender e aceitar algumas regras e ordens dos adultos.

Por exemplo: “Vi que escolheste ir brincar antes de fazer os TPCs, porquê? O que teria acontecido se tivesses escolhido fazer os TPCs primeiro? Vamos pensar qual é a melhor opção?”

Esta pequena reflexão ajuda as crianças a compreender a vantagem de pararmos para refletir. Escolher aquilo que traz ganhos a longo prazo, em vez de optar pelo que dá prazer instantâneo. Isto também faz com que as crianças fiquem menos impulsivas e mais autorreguladas e que aceitem melhor as responsabilidades a cumprir.

3. Deixe-o sentir as consequências naturais da sua escolha

Na infância, as más decisões não costumam alterar a vida, especialmente se for dada orientação. O seu filho escolheu não levar casaco para a escola apesar de o ter avisado sobre as vantagens de o fazer. Ao apanhar frio, irá confrontar-se com a consequência da sua própria escolha e, da próxima vez, irá optar melhor.

Quando as crianças aprendem que precisam de viver com as suas escolhas, também aprendem que as ações têm consequências. E nem todas as decisões são reversíveis, por isso, precisamos de aprender a pensar no futuro e a planear.

Decisões com pequenas consequências são como um treino para problemas maiores que surgem na vida futura, como adultos.

4. Ouça porque é que ele não concorda com algumas das suas escolhas

Porque não aceitam as nossas ordens? Explore as razões com calma e justifique a sua própria escolha enquanto pai.

5. Quando não obedecem, ofereça-lhes uma escolha em vez se zangar e oferecer um ultimato

Por exemplo: “Eu sei que estás cheia, mas o teu corpo ainda precisa de energia para poderes brincar. Queres comer metade do que sobrou ou esperar mais uns minutos?”. Reconhece os sentimentos da criança, bem como a preocupação do cuidador e faz com que tenha mais vontade de cooperar.

6. Tomar decisões ajuda a criar responsabilidade e autonomia

Ser responsável não tem a ver com obediência. Tem tudo a ver com estar consciente daquilo que o rodeia. Ser responsável pelas próprias ações e pelo seu próprio comportamento, ter iniciativa, ter consciência de que algo precisa de ser feito, e fazê-lo. Uma criança que esteja constantemente a decidir e optar, vai estar sempre a orientar o seu comportamento para objetivos e a sentir-se responsável, útil, e menos dependente dos pais.

Por isso, da próxima vez, lembre-se que deixar o seu filho decidir é mesmo a melhor opção!

Ana Santos – Psicóloga Clínica

O Centro Catarina Lucas nasce na sequência do trabalho desenvolvido pela psicóloga Catarina Lucas ao longo dos anos, na área da psicologia e desenvolvimento.

Conta com uma equipa multidisciplinar de cerca de 30 profissionais especializados em diversas áreas da psicologia e do desenvolvimento humano, prestando serviços nas áreas da psicologia para adultos, infantil e juvenil, aconselhamento parental, terapia de casal, terapia familiar, sexologia clínica, neuropsicologia, hipnose clínica, orientação vocacional, psiquiatria, terapia ocupacional, terapia da fala, nutrição, naturopatia, osteopatia, entre outros.

Gostou deste artigo? Deixe a sua opinião!

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Verified by MonsterInsights