Tortura de sono

Esta noite os meus filhos acordaram às cinco horas para virem para a nossa cama. Na noite anterior também, na noite anterior a essa também e na noite anterior a essa também e todas as noites das últimas semanas também. Suspeito que possam ter engolido um despertador, são mais pontuais que o galo do vizinho.

O ritual tem sido sempre o mesmo, um deles acorda primeiro e acorda o outro, o primeiro é quase sempre o mais novo (que ao contrário de mim detesta dormir), ouvimos gritos insistentes vindos do quarto deles “pai, pai, pai, pai” ou “mãe, mãe, mãe, mãe” ou ainda “mãe, pai, mãe, pai” até que um de nós desista de ignorar que os está a ouvir e os vá buscar para a nossa cama.

A partir desse momento a noite acabou para nós. Ou porque ele tem o vício irritante de me puxar os cabelos para adormecer ou porque se deita em cima da cabeça da irmã e ela grita ou porque empurram o pai para fora da cama e o pai resmunga ou porque fico com os braços dormentes de estar na mesma posição ou porque a cabeça não consegue deixar de pensar que às seis da manhã a porra do despertador vai tocar e não vale a pena adormecer para acordar já a seguir.

Não sei como consigo aguentar, juro que não sei mesmo. É que não são apenas estas semanas a dormir mal, o meu filho dorme mal desde que nasceu, há quase três anos que nos sujeita a uma tortura do sono terrível. Por cada noite que dorme bem, dorme mal cinco ou seis. Tenho mais sono do que alguma vez julguei possível. Dou por mim a pensar quando é que vou dormir, o que é que posso fazer para dormir, quando é que tenho férias para ir meter os miúdos à escola e dormir, se me posso sentar na casa de banho do trabalho a dormir sem darem pela minha falta, a minha cara tem escrito morta de sono a precisar de dormir, o meu corpo grita que precisa de dormir e o meu cérebro já emigrou para um país tropical.

E o mais incrível é que o raio do miúdo não quer saber disso para nada, acorda sempre bem-disposto, ele a rir e a cantar, talvez satisfeito por nos ter lixado as horas de sono e nós a arrastar-nos pela casa como zombies com o cérebro todo queimado a meter fraldas no frigorífico e o queijo na gaveta das meias.

Sim, sim, eu sei, a maternidade é uma bênção, vou ter saudades das noites mal dormidas, quando ele for adolescente é que vou ver o que é não dormir, é aguentar que isto passa tudo muito depressa e bla, bla, bla, sinceramente, o que eu preciso mesmo, mesmo é de dormir bem para apreciar ainda mais o milagre da vida e ter os neurónios a funcionar.

Já vos disse que estou cheia de sono?

imagem@RodrigoOller

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Autora do blogue Ser Super Mãe é uma Treta

Tenho nos meus filhos e no mundo depois dos filhos uma enorme fonte de inspiração e o blogue nasceu da necessidade de escrever sobre o lado menos fofinho da maternidade.

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