
Um pedido de desculpas ao meu último filho
Um pedido de desculpas ao meu último filho
Querido último filho (aka número 5)
Eu olho para ti e sinto que te devo um pedido de desculpas. Os pais estão cansados, caso não te tenhas apercebido.
Os teus irmãos mais velhos sugaram-nos a energia toda, e tu acabaste por ficar por tua conta. Não sabes, mas em tempos nós éramos rigorosos com as rotinas de sono, não permitíamos que fast food fosse uma opção alternativa de jantar e censurávamos os canais de televisão que não considerávamos apropriados para as idades dos teus irmãos. Não sabes o que perdeste, porque esses pais desapareceram há dois filhos atrás.
Tu andas a reboque dos teus irmãos.
Eles muitas vezes ficam acordados até mais tarde, e tu também. Quando te vi ferrado no sofá, ontem às 10h da noite, com o Star Wars a passar em plano de fundo, fez-me parar para pensar… Não deverias estar na cama? Mas infelizmente nós estávamos cansados de mais para te levar. Em vez disso, aconcheguei-me contigo, abracei-te e fiquei a admirar as tuas pestanas. Eu sei que tens 5 anos, e deixei de fazer isso com os teus irmãos quando tinha dois anos, por isso, desculpa-me. Eu simplesmente não consigo parar de ver-te como o meu bebé e manter-te assim enquanto posso. Parecias estar ali bem, até que o pai te levou ao colo para uma breve passagem pela a tua cama, até que acordaste e foste para a nossa.
Desculpa por andares sempre com uma comitiva a proteger-te em cada movimento.
Eu sei que os teus irmãos só me tiveram a mim e ao pai a dizer-lhes o que fazer, mas tu tens-nos a nós e a eles. Deve ser frustrante receber ordens de 6 pessoas, digo eu. Todos querem estar contigo, o irmão bebé, a toda a hora.
Mal tocaste com os pés no chão até aos dois anos, de tanto que andavas de colo em colo. E agora tens sempre alguém a querer dar-te a mão, ou um abraço, ou a ajudar-te a chegar às guloseimas que escondi no topo do frigorífico. Uma das tuas primeiras frases foi “Tanto amor”, e nós sabemos que é verdade. O que faz uma criança com tanto amor?
Desculpa-me pelas roupas que tens.
Enquanto os teus irmãos tiveram outfits completos tu tem uma pilha enorme de coisas para escolher. Metade herdaste, metade trouxe das promoções do outlet quase sem escolher. Também tens lá disfarces de Carnaval à mistura. E para ajudar à festa, normalmente estou cansada de mais para te mudar de roupa quando vestes o equipamento de futebol para ir para o colégio, e deixo-te ir assim.
Tens sempre tantos ajudantes para te calçar, que ainda não o fazes sozinho.
Estamos a trabalhar nisso, mas agora eu sei que a maternidade não é nenhuma corrida, por isso terás o teu tempo. Não me preocupa quando irás aprender a apertar os atacadores, desde que o saibas fazer antes de saires de casa para não andares a pedir aos colegas na faculdade. Normalmente sentes-te bastante feliz com as roupas que escolhes, especialmente quando vestes o fato de Willy Wonka que a tua irmã te ofereceu no Natal, por isso às tantas o teu vestuário é uma vitória minha.
Peço desculpa por saberes falas de filmes e séries que não são para a tua idade.
E que tenhas um episódio favorito no “The Office”. Provavelmente deixámos de controlar o que vês e o que ouves. Na verdade estás a ser criado como uma criança dos anos 80: nós assistíamos às novelas com as nossas mães, se calhar posso criar aqui um movimento “retro-parenting”.
Já te foi mostrado muito mais do mundo do que à tua irmã mais velha quando tinha 5 anos.
Para compensar, acabas por ser o miúdo mais “à frente” na mesa de almoço, ao contrário da tua irmã que só percebeu quem eram os Kardashian quando o reality show estava na 7ª temporada. Peço desculpa por estar tão empenhada e preocupada com a educação dos teus irmãos mais velhos, e nem me ter apercebido que quem iria acabar por ser chamado ao gabinete do diretor da escola eras tu.
Prometo ir lá arcar com as culpas.
Tu és a última carruagem deste comboio, o nosso último filho, o nosso “grand finale”.
E a boa notícia é que a única coisa que nunca te faltou foi amor. Aprendemos muito com os filhos que vieram antes sobre o quão rápido tudo passa, sobre a velocidade em que irás crescer e o quanto temos de aproveitar todos e cada um dos momentos contigo. Quanto te abraçamos com força, te deixamos que ainda sejas o nosso bebé e te sufocamos, sabes que é por te porque te amamos mais do que o coração aguenta.
Crescerás rodeado de amor, e esperemos que comer fast food mais vezes do que deverias, ver TV sem limites e deitares-te a horas completamente impróprias para a tua idade não deixem cicatrizes que não possam ser suavizadas pelo facto de seres o nosso último filho, o último grande amor das nossas vidas.
Dos teus pais exaustos, mas que muito te amam.
Por Amy Betters-Midtvedt, publicado em Scary Mommy, traduzido e adaptado por Up To Kids®
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