Vamos falar de bullying?
A palavra bullying já faz parte do vocabulário de muitas crianças. No entanto, estas nem sempre têm consciência de estar perante uma situação de bullying.
Falar de Bullying. O que é o bullying?
O bullying é uma agressão repetida a uma vítima. Abusar, intimidar ou praticar atos de violência física ou psicológica é o que melhor descreve o bullying. Podendo ser praticado em qualquer ambiente como na rua, escola, ou até mesmo em casa, o importante é os pais estarem atentos a estas manifestações e procurar ajuda junto de profissionais.
Como trabalhar o bullying num processo de coaching infantil?
Num processo de Coaching Infantil, trabalha-se tanto com a criança que é vítima de bullying como a agressora, que muitas vezes demonstra um sofrimento profundo. Durante as sessões de coaching, com crianças dos 6 aos 10 anos, as situações de bullying são as que mais gosto de trabalhar. Quando pergunto: “Sabes o que é bullying?” A resposta é sempre “sim”. A palavra bullying já faz parte do vocabulário de muitas crianças em idade escolar, no entanto, nem sempre têm consciência quando estão perante uma situação de bullying, quer seja a presenciar ou a vivenciá-la. Não percebem as reais implicações. A criança agressora tende a acreditar que as suas ações são apenas provocações sem consequências maiores e a criança vítima tende a forçar-se a não dar importância ao que sente, por medo ou vergonha.
A força negativa dos rótulos
A primeira fase do meu trabalho enquanto Coach Infantil passa por tentar quebrar a tendência que existe para rotular a criança. A criança agressora é facilmente rotulada de “violenta”, “malcomportada”, “sem maneiras”, “culpada”, “sem sentimentos”, “má”, “perversa”, “sádica”, “cínica” etc. Por sua vez, à criança vítima cabem-lhe os rótulos de “indefesa”, “desprotegida”, “incapaz”, “fraca”, “coitadinha”, “inocente”, etc.
Todos estes nomes que são verbalizados não favorecem em nada a resolução do problema. Muito pelo contrário, as crianças podem eventualmente acabar por interiorizar e assumir esses rótulos que lhes são atribuídos. A criança agressora acredita ser a má da fita e age em conformidade com esse papel. A criança vítima acredita ser impotente e apresenta-se aos outros como tal. Não rotular e não julgar é o ponto de partida e a base do Coaching Infantil em casos de bullying.
Qual o papel do coach infantil?
– Acolher as crianças de igual forma.
– Compreender o que motiva estas ações ou não-ações.
– Identificar o sofrimento ou a carência que são partilhados em ambas as crianças (agressoras e vítimas).
– Consciencializar os pais para estes comportamentos.
A criança agressora
Para a criança agressora, a prática de bullying é muitas vezes um mecanismo de defesa e uma tentativa de suprimir carências e necessidades, tais como:
- Baixa autoestima
- Falta de confiança
- Medos e insegurança
- Carência de afeto
- Ausência de elogio
- Valorização de si próprio
Para crianças que praticam bullying, o processo de Coaching Infantil centra-se no autoconhecimento: levar a criança a identificar aquilo que sente, quais as suas verdadeiras emoções e motivações. Há também um grande trabalho focado na empatia: levar a criança a perceber quais os sentimentos dos outros, a compreender as consequências e o impacto das suas ações, a responsabilizar-se pelas suas escolhas e a adotar formas de comportamento mais saudáveis para si e para os outros.
A criança vítima
As crianças vítimas de bullying tendem a fechar-se e a acreditar que as agressões de que são alvo escapam ao seu controlo e não há nada que possam fazer para as evitar. O desconforto em que vivem acaba por ser silencioso e pesado. Acreditam que a culpa é sua e acabam por viver num sofrimento oculto, com medo ou vergonha de denunciar a situação e de virem a sofrer represálias maiores.
O trabalho realizado com estas crianças, num processo de Coaching Infantil, consiste em:
1.Dotar a criança de estratégias de ação e de comunicação face ao agressor
2. Identificar os adultos a quem recorrer, saber pedir ajuda quando necessário e sem reservas, saber posicionar-se em vez de ficar refém da situação.
Recomendações | Vamos falar de bullying?
Estejam atentos. O Bullying apresenta-se de várias formas:
1. Bullying físico: violência/agressão física sobre o corpo de outrem
2. Bullying psicológico: insultos, ameaças, pressão, manipulação
3. Bullying homofóbico: descriminação de crianças e jovens homossexuais ou por não se identificarem com os papéis considerados pela maioria, como sendo representativos da identidade de género
4. Cyberbullying: divulgação de imagens/vídeos na internet sem o consentimento da pessoa visada, publicação online de comentários ofensivos sobre determinada pessoa.
O meu conselho para pais, educadores, professores ou animadores é que estejam realmente atentos à forma de relacionamento dos vossos filhos e crianças em geral, à forma como se expressam e às suas manifestações não verbais. O bullying existe em todas as classes e faixas etárias. Estejam informados e prontos para atuar quando for caso disso!
Contribuir para que as crianças se compreendam, se saibam expressar e superem os desafios que lhes são colocados no dia a dia, é o meu compromisso.