Criar espaço e oportunidade para as crianças conseguirem dar os primeiros passos sozinhas é uma demonstração de amor e afecto verdadeiramente notável por parte de qualquer cuidador. Mas estimular a independência nos mais pequenos pode ser muito difícil, sobretudo quando esta parece representar simultaneamente uma ameaça ao território de domínio dos pais. Muitas vezes, na minha prática clínica, deparo-me com pais que insconscientemente alimentam esta dependência, como forma de garantir o controlo dos seus filhos, numa espécie de “miminhos continuados”, que podem vir a custar um preço elevado no crescimento dos jovens.
Se queremos que as crianças de hoje se tornem adultos autónomos e responsáveis é conveniente ir fazendo pequenas atribuições de responsabilidade, de forma gradual e sem exageros! Uma criança que está sempre “colada” aos pais, sendo estes a resolver todos os problemas e questões que vão surgindo no dia-a-dia, ou tomando todas as decisões por si… pode tornar-se um adulto inseguro, sem consciência da responsabilidade e muito dependente da opinião e aceitação dos outros.
Incentivar as crianças a crescer com segurança, implica abdicar do monopólio lá de casa e ir dando voz, responsabilidades e “poderes” aos mais pequenos… Porque mais cedo ou mais tarde os seus filhos precisam resolver problemas e tomar decisões sozinhos! Estarão realmente preparados? A autonomia e independência não é um processo imediato e biológico; pelo contrário exige um treino e desenvolvimento que muitas vezes não lhes proporcionamos.
Comece por pequenas tarefas em casa, como arrumar as suas próprias coisas (brinquedos, roupas, outros objectos…), até como uma oportunidade dos mais novos desenvolverem uma noção de organização e arrumação… atitudes que irão ajudá-los pelo resto da vida.
Tarefas domésticas, como arrumar o quarto, juntar a roupa suja, arrumar os livros, pôr e levantar a mesa, lavar a loiça. São pequenas atividades que fazem muita diferença na vida adulta dos filhos (sobretudo nos filhos rapazes que são tendencialmente mais poupados nestas tarefas… lembre-se que um dia, ele irá sair de casa e ser “desenrascado” vai ser-lhe muito útil!).
Ensine-o a ter opinião formada: converse com ele e discuta sobre assuntos da actualidade e que passam na televisão ou até mesmo sobre assuntos da escola. Incentive-o a falar sobre diversos temas e a dar sua opinião. Ouça com atenção, com curiosidade, sem julgamento, apenas questionando, com o objetivo de estimular a sua capacidade de pensar e reflectir os mais variados temas.
Não faça as coisas por ele (nomeadamente trabalhos de casa!). Orientar não é fazer por ele. A responsabilidade de fazer os trabalhos de casa é do seu filho, o seu papel é de “participante consultor”, apenas apoiando sempre que ele tiver uma dúvida ou esteja com dificuldade em entender uma questão… caso contrário que mensagem lhes estamos a passar? O que lhes estamos a ensinar?
Estabeleça regras e horários: ensine-o a ter responsabilidade quanto aos horários, por exemplo, não permita que chegue atrasado à escola, estabeleça horários para ver televisão, jogar e brincar. Isso faz com que a criança se discipline e se torne um adulto responsável;
Seja efectivamente um exemplo para o seu filho: as crianças copiam os modelos dos pais, portanto seja um exemplo de responsabilidade para ele.
Faça com que ele veja como deve ser quando adulto.
Não basta exigir… é importante mostrar como se faz.
Por Vera Lisa Barroso, para Up To Kids®
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